O Que Será Que Aconteceu Com a “Ceia” do Domingo? - Mark Johnson

O Papel Crucial da Pregação Bíblica. Não tenho certeza sobre como minha mãe dava conta, mas ela fazia dos almoços de domingo uma ocasião especial. Tenho lindas lembranças dos cheiros, sabores e da atmosfera familiar da refeição do meio-dia, depois do culto de domingo pela manhã. Freqüentemente, comíamos carne assada, batatas, legumes frescos e torta feita em casa. Era o ponto máximo da semana para toda a nossa família, e a comida era tão abundante que domingo era o dia em que o “almoço” era chamado de “ceia”.

Nestes dias atuais, de lares com duas fontes de renda, poucas famílias se reúnem para comer uma refeição, quanto mais para compartilhar, em clima de lazer, um almoço feito em casa, depois de terem participado do culto como família. A refeição de domingo é provavelmente uma pizza encomendada por telefone celular, chamada feita do estacionamento da igreja, ou fast-food apanhado no caminho para os jogos de futebol da tarde das crianças. Tempo adequado com a família e nutrição balanceada enfrentam muitos desafios em nossa sociedade cheia de estresse.

Deus inspirou a Bíblia com um propósito: ser o instrumento para o homem de Deus equipar o rebanho para um viver como o de Cristo.

Outro almoço de domingo, ainda mais importante, também está passando por tempos difíceis: alimentar o rebanho de Deus com a Palavra de Deus pelos pastores de Deus. Muitas ovelhas estão mal nutridas e se tornam presa fácil para os lobos em uma cultura pós-cristã e cada vez mais anticristã. Hoje, o rebanho geralmente vive com uma dieta de alimentos que não valem nada, que são uma porcaria, em vez de se alimentar de banquetes nutritivos e bem planejados, que incluem a carne da Palavra de Deus. Por que estamos vivendo neste estado lastimável? Seguem algumas das muitas razões:

1. Muitas pessoas desvalorizaram a Palavra de Deus como não sendo infalível, não tendo autoridade e não sendo relevante.

2. A experimentação sobre “como fazer igreja” enfatiza metodologias estimulantes, mas coloca menos ênfase na pregação ou deixa pouco tempo para o ensino bíblico.

3. Pregações expositivas estão enfrentando tempos difíceis. São consideradas fora de moda para uma cultura pós-moderna que evita o proposicionalismo (a apresentação e a defesa das verdades teológicas por meio de proposições que podem ser provadas verdadeiras) e o absolutismo (a visão de que determinadas coisas estão certas ou erradas).

4. As muitas ocupações e o baixo nível de compromisso da sociedade militam contra os crentes se tornarem consistentemente envolvidos na igreja local e seriamente enfocados nela.

Um pastor não pode controlar as filosofias populares de ministério, quanto mais a influência da cultura secular. Como pastores, precisamos assumir um compromisso novo:“Nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra” (At 6.4), e faremos o que for necessário para alimentar o rebanho de Cristo sob nosso cuidado. A menos que um pastor assuma tal compromisso e tenha um planejamento sistemático e implacável de estudar e pregar, suas boas intenções provavelmente cairão vítimas das intensas exigências da vida pastoral ou de suas próprias distrações.

Andrew Telford (1895-1997), um eficiente pregador expositivo mesmo aos 90 anos, escreveu: “As realizações da igreja cristã são as realizações do púlpito. Com a pregação, o cristianismo ou cresce ou cai”.[1] O fundamento bíblico para tal afirmação está explicado em 2 Timóteo 3.16-4.4. Como a Escritura é soprada por Deus, ela é proveitosa e equipa completamente o homem e a mulher de Deus para toda boa obra.

Deus inspirou a Bíblia com um propósito: ser o instrumento para o homem de Deus equipar o rebanho para um viver como o de Cristo. Warren Wiersbe escreveu: “A Palavra é proveitosa para a doutrina – isto é, o que é certo; para a repreensão – isto é, o que não é certo; e para a instrução na justiça – isto é, como permanecer certo”.[2] Baseados no que a Escritura é (soprada por Deus) e no que ela faz (equipa totalmente o povo de Deus), os pastores recebem um dos encargos mais solenes das Escrituras:“Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2 Tm 4.2-4).

A palavra “pregar” (kerykson, em grego) é o termo usado para o que o pregoeiro público de uma cidade faria: anunciar, proclamar e divulgar. Ele vinha da corte do rei com uma proclamação com autoridade, e era obrigado a torná-la verbalmente conhecida com absoluta clareza e precisão. Essa descrição do trabalho de um pastor enfatiza tanto entender quanto sentir – tanto ver quanto saborear – a mensagem:

“Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2 Tm 4.2-4).


Ela não é desinteressada, nem fria, nem neutra. Ela não é uma mera explanação. (...) A pregação é uma exultação expositiva. (...) Ela é singularmente adequada para alimentar tanto o entendimento quanto os sentimentos. (...) Deus ordenou que Sua Palavra venha em uma forma que ensine a mente e alcance o coração.[3]

É por isso que o Rei do universo envia um homem de Deus como pregador e não envia simplesmente um texto escrito ou um filme.

Wiersbe definiu pregação como “a comunicação da verdade de Deus pelo servo de Deus para satisfazer as necessidades do povo de Deus” e citou Phillips Brooks, que descreveu a pregação como “trazer a verdade através da personalidade”.[4]

A pregação canaliza de maneira única a verdade inspirada de Deus através de um homem que está apaixonado por Deus. Piper escreveu:


As pessoas estão morrendo de fome da grandeza de Deus, mas a maioria não daria este diagnóstico sobre suas vidas cheias de problemas. A majestade de Deus é uma cura desconhecida. (...) A visão de um grande Deus é a peça-chave na vida da igreja.[5]

A pregação bíblica tem o objetivo de proporcionar essa visão de que o banquete de domingo precisa ser restaurado ao seu lugar de honra na vida da igreja local. O apóstolo Paulo instou os anciãos da igreja de Éfeso: “Para pastoreardes a Igreja de Deus, a qual ele comprou com seu próprio sangue” (At 20.28).

Olhando, através de um fogo feito com carvão, em uma praia, para Seu discípulo Pedro, que havia professado amá-lO, Jesus o desafiou: “Apascenta os meus cordeiros” (Jo 21.15). Sua ordem reverbera através dos corredores da história até nossos dias, e todos os pastores que professam amá-lO não deveriam fazer menos do que isso. (Israel My Glory)

Mark Johnson é pastor da Igreja Bíblica Independente de Martinsburg, Virgínia Ocidental (EUA).

Notas:
  • Andrew Telford, Pearls for Practical Preaching: A Study Course in Homiletics [Pérolas para a Pregação Prática: Um Estudo Sobre Homilética], (Richmond, VA: Cussons, May and Co., 1970), 12.
  • Warren Wiersbe e David Wiersbe, The Elements of Preaching [Os Elementos da Pregação], (Wheaton, IL: Tyndale, 1986), 66-67.
  • John Piper, The Supremacy of God in Preaching [A Supremacia de Deus na Pregação], ed. rev. (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 2004), 10-11.
  • Wiersbe e Wiersbe, 17, 19.
  • Piper, 13-15.


Extraído de Revista Chamada da Meia-Noite setembro de 2013

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