Lição 6 – A Verdadeira Fé não Faz Acepção de Pessoas

A verdadeira fé cristã não faz acepção de pessoas - Silas Daniel - Um dos pecados mais comuns, até mesmo entre alguns ditos cristãos, tem sido a acepção de pessoas, isto é, a discriminação de uma pessoa por causa da sua condição financeira, da sua posição social ou da sua aparência. A acepção de pessoas trata-se de uma atitude absolutamente anticristã, como veremos com detalhes neste capítulo. Tiago 2.1- 13 enfatiza que nenhum cristão pode-se dizer verdadeiramente um cristão se vive favorecendo ou desprezando as pessoas devido à condição social delas.

Há vários textos na Bíblia que ressaltam esse pecado, porém, sem dúvida alguma, a passagem bíblica mais marcante e enfática sobre esse assunto é a que abre o capítulo 2 da Epístola de Tiago. Ao ser lida hoje, a referida passagem chama a atenção pela sua contundência, porém é preciso frisar que, na época em que Tiago a escreveu, ela soou ainda mais contundente do que hoje. Isso porque, nós, ocidentais, apesar do processo cada vez mais avançado de descristianização da sociedade ocidental, ainda podemos perceber o horror de tal atitude. Só que, nos tempos de Tiago, a cultura era totalmente outra, bem distinta da nossa.

O mundo, na época de Tiago, era caracterizado por profundas divisões sociais que eram aceitas normalmente pela maioria esmagadora da sociedade. Naquela época, agir com humildade era manifestação de fraqueza, não de virtude; e fazer distinção de pessoas por aparência ou por condições físicas ou socioeconômicas era visto como algo absolutamente natural. Logo, a mensagem cristã, ao ser proclamada, teria um impacto enorme na sociedade de então, porque ela batia fortemente de frente com toda essa cultura, ao pregar a humildade, o perdão, a misericórdia, a igualdade entre os seres humanos etc.

O Cristianismo nivela todas as pessoas, e o faz inicialmente com a afirmação de que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Além disso, ele também ordena que amemos o nosso próximo incondicionalmente, independente de sua condição social, econômica, física etc (Lv 19.18; Mt 22.39). Aliás, se hoje há menos discriminação do que houve no passado, isso se deve à influência do Cristianismo na história. Se o Ocidente mantivesse intacta a cultura pagã da Antiguidade, que, por exemplo, discriminava deficientes e pobres, com certeza a acepção de pessoas ainda seria vista hoje como a ordem do dia em vez de uma aberração moral, como realmente é. Sim, é verdade que houve falhas morais no passado nessa área — e hoje eventualmente ainda há — entre aqueles que professam a fé cristã, mas mesmo os mais críticos do Cristianismo não podem deixar de afirmar que esse não é o ensino do Cristianismo e que o mundo seria moralmente pior se não se deixasse impregnar minimamente pelos valores ju- daico-cristãos. Devemos o conceito de igualdade e de direitos humanos que temos hoje no mundo a esses valores.

Dito isso, vejamos a seguir, com detalhes, as razões bíblicas, apresentadas pelo apóstolo Tiago no capítulo 2 de sua epístola, pelas quais a acepção de pessoas é totalmente rejeitada pelos cristãos.

As razões bíblicas para a não acepção de pessoas

Em primeiro lugar, fazer acepção de pessoas é desonrar a fé em “nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da Glória” (Tg 2.1), Deus encarnado, que nunca fez acepção de pessoas. Aliás, a Bíblia diz que Deus olha não a aparência, mas o coração da pessoa (1 Sm 16.7).

Em segundo lugar, a Bíblia diz que a nossa motivação em tudo o que fazemos deve ser o amor (1 Co 13.1-8), razão pela qual Tiago lembra que a “Lei Real” (Tg 2.8), isto é, a Lei do Reino de Deus, é “Amarás a teu próximo como a ti mesmo”. Portanto, a acepção de pessoas deve ser considerada um absurdo pelo verdadeiro cristão, uma vez que fere o princípio do Reino de Deus de amarmos o próximo como a nós mesmos, isto é, a Lei do Amor.

Em terceiro lugar, Tiago cita a acepção de pessoas no início do capítulo 2 como um exemplo de algo oposto à verdadeira religião, que é apresentada de forma sintética no final do capítulo 1 (Tg 1.27). Os dois assuntos estão umbilicalmente ligados no texto da epístola. Logo, o que Tiago está dizendo aqui, ao tratar desse assunto, é que quem pratica a acepção de pessoas não é um verdadeiro cristão, não vive de fato uma vida de piedade, mas uma farsa religiosa.

Em quarto lugar, especialmente sobre o tratamento dado aos pobres, Tiago lembra que aos pobres deste mundo também foi dado conhecer o Reino de Deus e o privilégio de serem filhos do Rei, devendo estes serem tratados da mesma forma, com a mesma dignidade, com que são tratados os irmãos não pobres (Tg 2.5). O apóstolo também evoca o fato de que há ricos maus e perversos, inclusive muitos que estavam levando cristãos às barras dos tribunais injustamente e blasfemavam deles (Tg 2.6,7); logo, era absolutamente incoerente tratar com dignidade homens perversos e maus só por serem ricos e deixar de honrar e valorizar homens simples e honestos apenas porque são pobres. Tratava-se de uma contradição abissal.

A cena imoral descrita por Tiago

Nos versículos de 2 a 4, Tiago descreve uma cena que, muito provavelmente, não se trata de uma mera hipótese ou conjectura, como aparenta ser à primeira vista, mas de algo que o próprio apóstolo deve ter presenciado em algum ajuntamento de crentes da Igreja Primitiva em seus dias, para seu imenso desgosto e indignação. Vamos ler atentamente a descrição que Tiago faz dessa cena e, em seguida, vejamos alguns detalhes elucidativos que encontramos nela:

“Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com vestes preciosas, e entrar algum pobre com sórdida vestimenta, e atentardes para o que traz a veste preciosa e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui, num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé ou assenta-te abaixo do meu estrado, porventura não fizestes distinção dentro de vós mesmos e não vos fizestes juizes de maus pensamentos?”

O primeiro detalhe que nos chama a atenção nessa passagem é o vocábulo grego traduzido aqui por “ajuntamento”. Ele é o mesmo utilizado para referir-se às sinagogas judaicas: Synagoge. Curiosamente, como lembra o teólogo A. F. Harper, “esse é o único texto do Novo Testamento em que uma congregação cristã é chamada de sinagoga”’.1

O uso do termo “sinagoga” aqui sugere o óbvio: que Tiago está falando a cristãos judeus, isto é, a judeus convertidos ao Cristianismo, os quais ainda se reuniam por essa época em ajuntamentos ao estilo judaico2 e, por isso, muito provavelmente, ainda traziam consigo práticas das sinagogas de seus dias que se chocavam com o espírito do Evangelho. Tais práticas haviam, inclusive, já sido alvo da repreensão de Jesus, como podemos ver em Mateus 23.6. Inclusive, os escribas e fariseus, que Jesus censura nessa passagem por terem, dentre outros muitos comportamentos pecaminosos,

0 hábito de amarem “os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas”, eram, segundo o relato do evangelista Lucas, homens bem aquinhoados financeiramente e — conforme ele mesmo os define expressamente — “avarentos” (Leia Lucas 16.9- 15). A narrativa dos evangelhos dá a entender, por exemplo, que os fariseus Nicodemos e Simão, simpáticos a Jesus, eram ricos (Jo 3.1; Lc 7.36-50). Isso não quer dizer, claro, que todos os fariseus eram ricos. Só uma parte o era. Acredita-se que a maioria era de classe média. Os saduceus é que, provavelmente, eram, em sua maioria, ricos.

Na época de Jesus e Tiago, era comum homens de elevada posição social, política ou religiosa serem bajulados nas sinagogas, enquanto os mais pobres eram geralmente preteridos, desprezados. Durante o seu ministério terreno, Jesus chamou a atenção para esse comportamento mais de uma vez, condenan- do-o, como podemos ver em passagens como Mateus 12.41-44 e 23.6.

Mas, outro detalhe importante dessa cena descrita por Tiago é que ele não necessariamente se refere a crentes que costumei- ramente frequentavam essas sinagogas cristãs, esses ajuntamentos de crentes em Cristo. E mais provável que ele esteja aludindo a ricos e pobres que apenas visitavam essas reuniões e não a membros regulares. Quanto a se eram crentes em Cristo ou não, como afirma Harper, “há divergência de opinião” entre os comentaristas bíblicos “se esses eram visitantes cristãos ou não cristãos”;3 mas, seja como for, “a verdade espiritual do texto não muda”, ela não é alterada pelo fato de os visitantes serem crentes ou não. A maioria, porém, acredita que Tiago se refira a visitantes ricos crentes, devido ao contexto da Epístola, que traz também repreensões voltadas exclusivamente para cristãos ricos que agiam como ímpios, como podemos ver no capítulo 5 desta Epístola e sobre o qual falaremos com detalhes no capítulo 12 deste livro.

Mais um detalhe a ser considerado é a descrição “com anel de ouro no dedo e com vestes preciosas” (Tg 2.2). Explica Harper que “o anel de ouro indicava que esse homem era do Senado ou um nobre romano”, pois “durante os primeiros anos do Império [Romano], somente homens nessa posição tinham o direito de usar esse tipo de anel”.4 Já “vestes preciosas” é uma referência a belas togas brancas, que eram uma vestimenta “usada frequentemente por candidatos a um oficio político”.5

A expressão “abaixo do meu estrado” (Tg 2.3) é uma alusão ao fato de que, em uma sinagoga, “pessoas de uma posição inferior ficavam em pé ou sentavam no chão”. Logo, “abaixo do meu estra do” deve ser compreendido como “aos meus pés”.6 Isto é, enquanto as cadeiras das sinagogas e os demais assentos do ajuntamento eram reservados para os anciãos, escribas, fariseus e saduceus, e a qualquer outra pessoa na congregação que fosse detentora de privilegiada posição social, os pobres ficavam no pé ou no chão. E o mesmo estava ocorrendo nos ajuntamentos dos cristãos judeus, denuncia e repreende Tiago, que declara contundentemente: “Porventura não fizestes distinção dentro de vós mesmos e não vos fizestes juizes de maus pensamentos?” (Tg 2.4).

“Juizes de maus pensamentos”

O que quer dizer a expressão “juizes de maus pensamentos”? Trata-se de uma referência a juizes que julgam com base em pensamentos errados, equivocados, ou seja, tendo como fundamentos, padrões absolutamente equivocados, critérios iníquos.

Harper entende que a melhor tradução aqui seria “juizes com mais pensamentos”, que é a utilizada em inglês pela Revised Standard Version.7 Ele apresenta ainda um preciso resumo dos padrões errados desses cristãos que honravam os nobres e preteriam os pobres na congregação. Vejamos esse resumo:

Que tipo de pensamentos maus esses cristãos mal-orientados estavam tendo?

1) Que a vestimenta fina era a marca de homens finos e que roupa comum significava caráter comum.

2) Que a riqueza é um marco do valor das pessoas.

3) Que a posição financeira fazia diferença na aceitação na igreja.

4) Que “sistemas de castas” sociais e econômicas são aceitáveis para Cristo e apropriadas para sua Igreja.8

Em Cristo, não há pobre nem rico, homem nem mulher, negros nem brancos, amarelos ou pardos, gentio nem judeu. Todos são um em Cristo:

Ainda hoje, infelizmente, há pessoas que se deixam guiar por esses critérios iníquos. Isso só revela o quão distante os seus corações estão ainda do verdadeiro Evangelho. Como afirma Matthew Henry, “a deformidade do pecado nunca é verdadeira e totalmente discernida até que o mal dos nossos pensamentos seja revelado; e é isso que agrava extremamente as faltas do nosso temperamento e da nossa vida, que ‘toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente’ (Gn 6.5)”.9 Que Deus nos livre de cairmos nesse mesmo pecado! Que em nossas igrejas e no nosso dia a dia tratemos a todos com honra, amor e respeito, independente da condição social de cada um.

A consistência entre o falar e o agir

Tiago termina essa primeira parte do capítulo 2 enfatizando a necessidade de haver consistência entre o falar e o agir na vida do cristão (Tg 2.9,10,12), lembrando que haverá juízo divino sobre aqueles que não se arrependem, mas vivem um falso Cristianismo (Tg 2.11-13), isto é, vivem uma fé cristã de fachada, onde a fé e as obras estão dissociadas. Aliás, o exemplo que ele cita de religião falsa no início do capítulo 2 serve de gancho para que, em seguida, ele trate mais específica e exatamente sobre a relação indissociável entre a fé genuína e as boas obras (Tg 2.14-26).

O resumo de Tiago sobre o tema acepção de pessoas é: “Assim falai e assim procedei” (v. 12a). Isto é: “Cristão, viva o que você prega! Se você é mesmo um cristão verdadeiro, então você deve amar o teu próximo como Cristo o fez: independente de condição social, etnia, idade, sexo, condição financeira e status”. Ou seja, tenha um coração como o de Jesus. Ame as pessoas como Deus as ama.

Finalmente, do belo texto de Tiago sobre o juízo e a misericórdia no versículo 13, Matthew Henry ressalta três lições: “(1) A condenação que será pronunciada sobre os pecadores impenitentes no final vai ser o juízo sem misericórdia; [...] (2) Aqueles que não mostrarem misericórdia agora não encontrarão misericórdia naquele grande dia; mas [...] (3) Haverá aqueles que se tornarão exemplos do triunfo da misericórdia, em quem a misericórdia rejubila contra o juízo”.10 Amém! Como disse Jesus, “bem-aven- turados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” (Mt 5.7).

A comunidade cristã

Imagine, em uma época como a de Tiago, quando o mundo era marcado por divisões sociais profundas as quais mencionei rapidamente na introdução deste capítulo, surgir uma comunidade em que não havia acepção de pessoas, onde o pobre convivia com o rico, onde o servo convivia com o seu senhor e onde tanto judeus quanto gentios adoravam a Deus juntos e com alegria. Essa era a comunidade cristã, que impactou a Antiguidade durante o período do Império Romano.

Urge que mantenhamos esse modelo bíblico da Igreja Primitiva em nossos dias, um modelo que influenciou cristãos na História a lutar contra a discriminação racial ou étnica, contra o sexismo (seja ele machista ou feminista), contra a discriminação por classes sociais e econômicas, e contra a discriminação de deficientes. Essa foi uma marca, inclusive, nos grandes avivamentos da História: foi assim, por exemplo, no Avivamento Wesleyano no século XVIII, na Inglaterra, e no início do Movimento Pen- tecostal Moderno, como no caso do Avivamento da Rua Azusa, em Los Angeles, Estados Unidos, no início do século XX.

Segundo os jornais norte-americanos da época, o Avivamento da Rua Azusa causava repulsa em alguns e admiração em outros pelo fato de que aquele galpão, onde ocorriam as reuniões sob a direção do líder negro pentecostal William Joseph Seymour (1870-1922), reunia tanto negros quanto brancos, e gente de todos os extratos sociais, que se prostravam juntos em adoração a Deus. Em sua obra The Charismatic Century: The Enduring Im- pact of the Azusa Street Revival (Warner Faith, 2006, EUA), Jack Hayford e Davi Moore registram relatos da época de críticas ao movimento porque “homens e mulheres, brancos e negros, se ajoelhavam juntos” e “se abraçavam” em momentos de quebrantamento; e o jornalista John Sherrill, em sua obra They Speak in Other Tongues (“Eles Falam em Outras Línguas”), conta que “ricos e pobres, igualmente, vinham ver o que ali acontecia”. E ele continua: “Vinham pessoas das cidades circunvizinhas, mas também do meio-oeste norte-americano, dos estados de Nova Inglaterra, do Canadá, da Grã-Bretanha. Havia ali brancos e negros, idosos e jovens, educados e iletrados”.11

Em Cristo, não há pobre nem rico, homem nem mulher, negros nem brancos, amarelos ou pardos, gentio nem judeu. Todos são um em Cristo: “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa” (G1 3.26-29). Aleluia!

Confusões pós-modernas sobre o sentido correto da não acepção de pessoas à luz da Bíblia

Antes de concluirmos esse assunto, é importante destacarmos ainda que, infelizmente, devido ao relativismo moral que está grassando na nossa sociedade nas últimas décadas, muitos têm distorcido maquiavelicamente o sentido real e original dos direitos humanos, da igualdade à luz dos valores judaico-cristãos, e passado a combater, como se acepção de pessoas fosse, aquilo que na verdade não o é. Por exemplo: em nome da não acepção de pessoas, há quem defenda o homossexualismo como uma prática que deve ser aceita por todos normalmente, inclusive pelos cristãos, e ainda criam leis para punir quem não concorde com essa prática, mesmo que os cristãos tratem respeitosamente todos os homossexuais. Para quem defende isso, não aceitar a prática homossexual significa acepção de pessoas.

Ora, acepção de pessoas não é isso. Acepção de pessoas é favoritismo com base em condições sociais, é desamor, é desprezo. E não fazer acepção de pessoas é tratar todas as pessoas da mesma forma, isto é, com respeito e amor. Não tem nada a ver com concordância com práticas erradas.

Além disso, não fazer acepção de pessoas também não tem nada a ver com desprezar as diferenças naturais, como querem fazer crer, por exemplo, as feministas. Justamente porque não faz acepção de pessoas, o cristão respeita as diferenças naturais, não procurando confrontar ou forçar a diferença de uma pessoa sobre a outra. Simplesmente, ele apenas rejeita aquilo que é pecaminoso, não despreza o que é natural e respeita todos, crentes ou não, tratando-os com respeito.

Há feministas que citam Gálatas 3.28, que diz que em Cristo “não há macho nem fêmea” para sustentar que não deve haver diferença de funções entre homens e mulheres. Trata-se de um erro grotesco, pois o referido texto, como o seu próprio contexto denota, não quer dizer nada disso. Como afirma Donald Stamps a respeito de Gálatas 3.28, Paulo aqui está removendo “todas as distinções étnicas, raciais, nacionais, sociais e sexuais no que diz respeito ao nosso relacionamento espiritual com Jesus Cristo”. Ele está dizendo que “todos os que estão em Cristo são igualmente herdeiros da graça divina (1 Pe 3.7), do Espírito prometido (G1 3.14; 4.6) e da restauração à imagem de Deus (Cl 3.10,11)”. E, “por outro lado, dentro do contexto de igualdade espiritual, os homens permanecem homens e as mulheres, mulheres (Gn 1.27). Os papéis que Deus lhes atribuiu no casamento e na sociedade permanecem imutáveis (1 Pe 3.1-4; Ef 5.22,23)”.12

Em época de significados distorcidos, clarificação de ideias se torna um dever constante. Logo, como o conceito de tolerância no cristianismo ou mesmo de tolerância em termos democráticos está sendo cada vez mais distorcido, urge fechar este capítulo explicitando seu significado.

Antes de tudo, o cristão bíblico, obviamente, defende fervorosamente a tolerância; porém, não qualquer tipo de tolerância. E que tipo de tolerância ele defende e qual ele não defende? Ele defende a tolerância legal e a tolerância social, mas não a tolerância acrítica. Como assim?

O cristão bíblico defende o direito que cada pessoa tem de acreditar em qualquer crença (ou em nenhuma) que se queira acreditar. Ele defende, por exemplo, que ninguém deve ser coagido a crer no que ele, cristão, crê. Isto é, o verdadeiro cristão defende e promove a liberdade religiosa. Isso se chamada tolerância legal.

O cristão bíblico também defende o respeito a todas as pessoas, mesmo que discorde frontalmente de suas religiões ou ideias. Ele defende a paz entre os indivíduos, entre os diferentes. Isso é tolerância social.

E com base na tolerância legal e na tolerância social que temos de fato a chamada liberdade religiosa.

Entretanto, o cristão bíblico não defende a tolerância acrítica. Muito ao contrário: ele defende que a tolerância em uma democracia, assim como a tolerância cristã à luz da Bíblia, não é sinônimo de ser acrítico, de não poder expressar, defender e pregar os valores bíblicos. Agora, em tudo, deve haver sempre o amor e o respeito.

Bibliografia utilizada neste capítulo

Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento — Atos a Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
SHERRILL, John. Eles Falam em Outras Línguas. São Paulo: Editora Betânia, 1969.

1 Comentário Bíblico Beacon — Hebreus a Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 165.
2 Matthew Henry sugere que tais ajuntamentos poderiam ser “aquelas reuniões que eram marcadas para decidir questões de diferença entre os membros da igreja ou para determinar se deveria haver alguma repreensão a alguém, e o que seria essa repreensão”. Por isso, a palavra grega usada aqui é Synagoge, numa referência, segundo ele acredita, a “uma assembleia como a que ocorria nas sinagogas judaicas quando [os judeus] se reuniam para fazer justiça” (HENRY, Matthew, Comentário Bíblico do Novo Testamento —Atos a Apocalipse---Edição Completa, Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 832).
3 Comentário Bíblico Beacon — Hebreus a Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 165.
4 Ibidem, p. 165
5 Ibidem, p. 165
6 Ibidem, p. 165
7 Ibidem, p. 166.
8 Ibidem, p. 166.
9 HENRY, Matthew, Comentário Bíblico do Novo Testamento — Atos a Apocalipse — Edição Completa, Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 833.
10 HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento — Atos a Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 835.
11 SHERRILL, John. Eles Falam em Outras Línguas. São Paulo: Editora Betânia, 1969, p. 59.
12 Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, pp. 1798 e 1799.

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