O que a Bíblia diz a respeito do culto pentecostal? (2)


Este segundo artigo não tem como objetivo censurar as igrejas que costumam dar nomes às suas reuniões. Também não quero dizer que esta ou aquela igreja são melhores ou piores. Desejo apenas mostrar o quanto nós temos nos desviado do alvo: cultuar ao Senhor, que implica adorá-lo, tributar-lhe voluntariamente louvores e honra.

Podemos cultuar ao Senhor continuamente, de modo individual — “Orai sem cessar” (1 Ts 5.17) —, ou periodicamente, de maneira coletiva, ao nos reunirmos em algum lugar (templo, casa, etc.) para adorá-lo (Mt 18.20). Em ambas as modalidades, o objetivo primário é sempre a adoração (Jo 4.23,24), seguida do enlevo espiritual do adorador (Jr 23.19; 33.3). O culto a Deus, individual ou coletivo, exige exclusividade: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto” (Mt 4.10, ARA).


Ao longo do tempo, os nossos cultos coletivos foram ganhando adjetivos que evidenciam o quanto perdemos de vista o propósito primário de adorar a Deus. Na maioria dos cultos (cultos?), tudo é preparado para agradar mais as pessoas do que ao Senhor. Dirigimo-nos ao templo prioritariamente para receber bênçãos do Senhor, e não para oferecer-lhe a nossa adoração. Temos invertido as prioridades.



Com o intuito de atrair gente e ver os templos lotados — o que também, naturalmente, aumenta a receita da igreja —, inventamos os cultos de libertação. Ora, se o nosso Senhor, o Libertador, está sempre presente nos cultos e, sobretudo, em nossos corações, por que precisamos de uma reunião específica de libertação? Basta-nos cultuarmos ao nosso Libertador e pregarmos a verdade, sempre, a fim de que haja libertação (Jo 8.32,36).


Hoje, precisamos também de reuniões específicas para Deus avivar o seu povo... cultos de avivamento. Mas o verdadeiro avivamento ocorre continuamente, como consequência da verdadeira adoração. O que chamamos de culto de avivamento, na verdade, é uma reunião em que crentes gritam, pulam, sapateiam, mas não amadurecem, não crescem na graça e no conhecimento (2 Pe 3.18). Se oferecêssemos cultos a Deus, com louvor, pregação e ensino da Palavra, haveria verdadeiro e contínuo avivamento na igreja (Ef 5.18,19).


Como as coisas estão difíceis! Precisamos de reuniões específicas para Deus operar! É preciso fazer campanha, participar do culto da bênção, do culto dos milagres... Por que não voltamos a cultuar ao Senhor Jesus? Se fizermos isso, veremos milagres em nosso meio, não de maneira forjada, mas como consequência de nos humilharmos, e orarmos, e buscarmos a sua face, e nos convertermos de nossos maus caminhos (2 Cr 7.14,15).


E os nossos cultos de louvor? Seriam legítimos, se de fato fossem reuniões para o louvor do Senhor. Mas esses tipos de “culto” — também conhecidos, vulgarmente, como “louvorzões” — são, na verdade, shows, pelos quais cantores e grupos se apresentam para agradar a plateia. Há pouco ou quase nada de louvor nesses tipos de reunião, mas o povo dança e se diverte.


Já temos até imitações do Michael Jackson no nosso meio! Podemos chamar isso de culto? Biblicamente, todo culto coletivo deveria ser de louvor (louvor, mesmo!), e não de cantoria (uma espécie de show de calouros), dança ou qualquer outro tipo de apresentação para agradar as pessoas.


Não sou contra os cultos de doutrina, é evidente. Afinal, quando estudamos a Palavra de Deus com submissão e obediência, também estamos cultuando ao Deus da Palavra. E, se, em todos os nossos cultos de doutrina, houvesse mesmo exposição da sã doutrina, seria uma maravilha! Mas precisamos atentar para 1 Coríntios 14.26, a fim de que haja, em nossos cultos coletivos, louvor ao Senhor, exposição da sua Palavra e manifestação do Espírito Santo (1 Co 14.26).


Não temos tirado Deus do centro, ainda que por causas nobres? Precisamos olhar para o culto da igreja primitiva, pois somos a continuação dela. Naquele tempo, não havia cultos disto e daquilo. Havia apenas cultos ao Senhor. Todas as reuniões dos primeiros cristãos eram para louvar a Deus e conhecê-lo melhor através do ensino da sua Palavra. E a salvação de almas e das famílias, a manifestação do Espírito, mediante os dons espirituais, os milagres, as curas, a resolução de problemas ocorriam naturalmente. Não era preciso fazer campanhas e de$afio$, etc.


Que Deus nos ajude a entendermos que o nosso culto coletivo é um momento especial em que nos reunimos para apresentarmos a Ele um louvor verdadeiro, buscarmos a sua presença, em oração, e ouvirmos a sua voz, principalmente pela sua Palavra. E que o Senhor nos ajude a não sermos crentes que vivem de “cultos” disto e daquilo.


Conscientizemo-nos, ainda, de que o nosso culto a Deus nunca termina. Não o cultuemos apenas no templo, de modo coletivo. Cultuemo-lo constantemente, em nossa casa, em nosso trabalho, na faculdade, no templo, ao dormir, ao acordar... Aliás, até dormindo (no caso dos cristãos se prezam) o cultuamos, como lemos em Isaías 26.9: “Com a minha alma te desejei de noite, e com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te”.


Perdoa-nos, Senhor! Temos nos orgulhado do grande crescimento numérico das igrejas evangélicas, ainda que os líderes de muitas delas não tenham nenhum compromisso com o Evangelho. De fato, Senhor, elas estão cheias de multidões de interesseiros. Mas temos pecado, ao não adorarmos a ti em espírito e em verdade. Renova-nos, a fim de que voltemos a dar-te culto, como nos tempos da igreja primitiva.


Quantos podem dizer “amém”?

Ciro Sanches Zibordi

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