Ao longo da história, em vários lugares, em diversas ocasiões, o povo de Deus substituiu a obediência pelos rituais religiosos. Foram zelosos na observância de preceitos externos e descuidados com a obediência, para a qual esses rituais apontavam. Praticaram a religiosidade para agradar a eles mesmos e não para o Senhor. O profeta Zacarias, trata desse solene assunto no capítulo sete de seu livro.
De Betel foram enviados mensageiros a Jerusalém para perguntarem aos sacerdotes e profetas que estavam na Casa de Deus, se deveriam continuar a chorar com jejuns, no quinto mês, como era seu costume há tantos anos. É nesse contexto que Deus ordena Zacarias a falar a todo o povo e aos sacerdotes, que nos setenta anos de cativeiro babilônico, o jejum que praticaram não foi para Deus. De igual modo, eles comeram e beberam para eles mesmos. Deus estivera ausente de suas atividades comuns bem como de suas práticas religiosas.
O profeta Zacarias, então, aproveita o ensejo para relembrar o povo que voltara do cativeiro, as mensagens que foram anunciadas pelos mensageiros de Deus a seus pais, quando a cidade de Jerusalém ainda vivia em paz e as cidades ao redor eram habitadas.
Naquele tempo, o que Deus requeria do povo? Apenas um ritual religioso? Apenas um jejum de abstinência de alimentos e pranto? Não! A mensagem de Deus era clara: “Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um a seu irmão; não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu coração, o mal contra o seu próximo” (Zc 7.9,10).
Zacarias faz questão de registrar que seus pais não quiseram atender à voz de Deus. Ao contrário, rebeldes deram as costas para Deus e não acolherem a mensagem dos profetas. Zacarias chega a dizer que seus pais fizeram o seu coração duro como diamante para não ouvirem a lei nem as palavras que o Senhor dos Exércitos enviara pelo seu Espírito, por intermédio dos profetas.
A consequência? Veio sobre eles a grande ira do Senhor! Porque Deus clamou ao povo e o povo não quis ouvi-lo, quando veio o cerco de Jerusalém e o povo foi levado cativo para a Babilônia, Deus também não ouviu o seu clamor. Ao contrário, eles foram espalhados como um turbilhão por entre todas as nações e a sua terra foi assolada atrás deles.
O cativeiro babilônico foi uma prova clara de que a religiosidade sem obediência pode levar a grandes desastres. De nada adiante jejuar e lamentar se isso não é feito para Deus. De nada adianta comer e beber se isso não é praticado para a glória e Deus. De nada adianta preservar rituais religiosos, se na prática desses rituais ainda se deixa de executar juízo verdadeiro, deixando de mostrar bondade e misericórdia, cada um a seu irmão. De nada adianta ser muito religioso e ao mesmo tempo oprimir a viúva, o órfão, o estrangeiro e o pobre. De nada adianta ser zeloso dos rituais sagrados se no coração se intenta o mal contra o próximo.
A religião dos preceitos sem uma vida rendida a Deus e sem a prática do amor ao próximo não passa de um simulacro de espiritualidade. Esse tipo de religiosidade, ainda que externamente possa impressionar os homens, não pode agradar a Deus. Aquele que sonda os corações requer a verdade no íntimo. Ele não se contenta com performance, pois conhece as motivações. Ele não aceita rituais religiosos, ainda que os mais sagrados, se esses estão apartados da correta relação com ele e com os irmãos.
Fonte:
Publicado por Paulo Cesar Amaral - Rev. Hernandes Dias Lopes
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