quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Quem matou Aitofel?

Aitofel é um nome pouco lembrado na Bíblia, mas sua história é uma das mais tristes e cheias de lições sobre o coração humano. Ele começou bem: era conselheiro do rei Davi, um homem sábio, cujas palavras tinham tanto peso que eram consideradas como a própria voz de Deus. Era respeitado, confiável, admirado.

Mas um dia, Aitofel mudou de lado.

Quando Absalão, filho de Davi, se rebelou contra o pai, Aitofel se juntou à rebelião. Traiu aquele a quem servira por anos. O conselheiro tornou-se inimigo. O amigo virou traidor. E, pouco tempo depois, desesperado, Aitofel se enforcou (2 Samuel 17.23). Um fim trágico para quem começou com tanta honra.

Mas... por que ele chegou a esse ponto?

A raiz escondida

Há um detalhe que muita gente passa por alto: Bate-Seba, a mulher com quem Davi cometeu adultério, era neta de Aitofel (2 Samuel 11; 23.34).
Davi, o rei que Aitofel servia, destruiu a honra da sua família.
Além de se deitar com Bate-Seba, Davi mandou matar o marido dela, Urias.
Imagine o que isso gerou no coração de Aitofel: vergonha, raiva, indignação.
Talvez ele nunca tenha falado disso, mas o ressentimento ficou lá, guardado no silêncio, crescendo como uma erva daninha dentro da alma.

O tempo passou, mas a ferida não cicatrizou. E quando surgiu a chance de se vingar — apoiando Absalão contra Davi — ele não pensou duas vezes.
O ódio antigo falou mais alto.
O coração ferido encontrou uma causa para extravasar sua dor.
Mas a vingança não trouxe alívio, trouxe destruição.

Quem realmente o matou?

Quando o plano de Aitofel não foi aceito por Absalão, ele se viu sem saída. Sua voz perdeu poder, seu orgulho desmoronou. E ele se enforcou.

Mas pare e pense: quem matou Aitofel?

Não foi a corda.
Foi o rancor que ele alimentou.
Foi a falta de perdão que o sufocou por dentro antes de qualquer nó.
Aitofel não morreu num galho de árvore; ele já estava morrendo há muito tempo — dentro do próprio coração.

As feridas que não tratamos

Aitofel é o retrato de muitos de nós.
Guardamos mágoas de pessoas que nos feriram, de amigos que nos traíram, de familiares que nos decepcionaram.
Dizemos que “está tudo bem”, mas lá no fundo ainda doem palavras, atitudes, injustiças.
E o tempo não cura o que não é entregue a Deus.

A mágoa é como veneno: a gente toma esperando que o outro morra, mas quem adoece somos nós.
O ressentimento nos rouba a alegria, nos tira o sono, nos afasta de Deus e das pessoas.
E, como Aitofel, podemos acabar nos enforcando com o próprio rancor — não com uma corda, mas com pensamentos que nos prendem, lembranças que nos consomem e feridas que nunca foram curadas.

Davi e Aitofel: dois lados da mesma moeda

Davi também errou. Pecou gravemente. Mas quando foi confrontado, ele se humilhou, chorou, pediu perdão e foi restaurado por Deus (Salmo 51).
Aitofel, não. Ele se fechou na dor.
Um buscou arrependimento. O outro, vingança.
Um foi curado. O outro se destruiu.

É uma escolha que todos nós precisamos fazer: guardar ou perdoar, morrer ou viver.

A escolha da vida

Talvez hoje você esteja carregando o peso de algo que aconteceu há muito tempo.
Uma traição. Uma injustiça. Uma palavra que feriu.
E você tenta seguir em frente, mas, como Aitofel, o passado ainda tem um nó em seu coração.
Deixe Deus soltar esse nó.
O perdão não muda o passado, mas cura o presente e transforma o futuro.
Não espere a ferida virar um laço no pescoço.

Jesus disse: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5.9).
Os cristãos são chamados para isso — para serem embaixadores da paz, não mensageiros da vingança.
Onde há dor, levamos consolo.
Onde há ferida, levamos cura.
Onde há ódio, levamos perdão.

A história de Aitofel nos lembra que a falta de reconciliação pode matar, mas o perdão traz vida.

Então eu te pergunto:
O que você vai escolher?
Ressentimento ou reconciliação?
Morte ou vida?

Hoje é dia de soltar a corda e deixar Deus curar o seu coração.

Uma colaboração de CLÁUDIO LISBOA MOREIRA - 2010.


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