Lição 5 – Pérgamo, a Igreja Casada com o Mundo - 4

Comentário Esperança - Cartas de João e Judas e Apocalipse de João Apocalipse 2.12-17
12 Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Estas coisas diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes:
13 Conheço o lugar em que habitas, onde está o trono de Satanás, e que conservas o meu nome e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha testemunha, meu fiel, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.
14 Tenho, todavia, contra ti algumas coisas (menores), pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição.
15 Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas.
16 Portanto, arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca.
17 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.

12 Quanto à indicação dos destinatários e à ordem para escrever. A auto-apresentação do edito da mensagem retoma Ap 1.16. Determinará ela novamente o rumo da mensagem seguinte? A auto-apresentação é tão breve que nada desvia dela, permanecendo unicamente um ponto central: a espada afiada de dois gumes. Nem mesmo se repete de Ap 1.16 que ela sai da boca do Juiz (o que ocorre, porém, no v. 16). Tudo concorre para uma nitidez contundente. Todas as tentativas de obscurecimento são traspassadas por esse Juiz, todas as misturas e borrões são discernidos. Como tema da mensagem podemos esperar: contra a mistura! Essa espada é referida expressamente no v. 16 aos balaamitas, respectivamente aos nicolaítas. Várias vezes, a espada desempenhou um papel importante nas histórias de Balaão (Nm 22.23,31; 31.8; Js 13.22). Desse modo, delineia-se um quadro: esta missiva à igreja aborda a perigosa mistura do povo de Deus, tendo como pano de fundo a tribulação de Israel em sua época no deserto. No v. 13, o inquérito judicial traz um grande elogio.

13 Conheço o lugar em que habitas. Contra as expectativas, o Senhor não começa, como tantas vezes, com a atuação da igreja, mas com o seu lugar de moradia. Entretanto, como o lugar de atuação é importante para a atuação em si de uma pessoa! Cristo não julga ignorando o poder das circunstâncias e da atmosfera. A igreja em Pérgamo vive num conjunto habitacional com Satanás. Como poderá viver aí como uma igreja? Todas as cidades citadas eram áreas de influência de Satanás (Ap 2.9,24; 3.9). Contudo, Pérgamo era o trono de Satanás, centro da estratégia satânica. Qual era a razão dessa leitura profética? Visto que no Apocalipse o trono de Deus constitui a imagem central, estaremos lidando aqui com a figura contrária decisiva. Será que se faz alusão ao fato de que o procurador romano residia nessa antiga cidade real (enquanto sua sede administrativa situava-se na capital daquele tempo, Éfeso)? Ou deve-se lembrar que já em 29 a.C. um templo fora dedicado ao imperador romano Augusto em Pérgamo, como local mais antigo e mais importante do culto ao imperador que vinha se alastrando? Ou será que Pérgamo se destacava como cidade do primeiro martírio (v. 13) na província? Ou será essa afirmação causada já pelo aspecto exterior, a saber, que o olhar era atraído para o gigantesco e imponente altar a Zeus, visível de longe a uma altura de 300 metros acima da cidade, e uma das sete maravilhas mundiais da Antigüidade? Contudo, é igualmente plausível a relação com o florescente culto à serpente salvadora (Asklepios – Soter), que naquela época mantinha duzentos santuários no mundo inteiro, e cuja sede central era representada por Pérgamo. Ainda hoje pode-se visitar uma piscina de mármore que fazia parte da atividade balneária e curativa. Mais tarde, atuou ali Galeno, o médico mais famoso da Antigüidade. Peregrinavam para lá enfermos de todo o mundo, e transmitiam-se anedotas e títulos (p. ex., salvador) que evocam os evangelhos. Os cristãos podiam perceber muitas dessas coisas como uma imitação diabólica de seu Salvador. Sobretudo a confecção e a adoração da serpente impelia o pensamento bíblico diretamente para a lembrança de Satanás. Finalmente, também a arte e a ciência experimentaram pontos altos nesse local. Recordemos o sistema de bibliotecas, igualmente o couro especialmente fino para a escrita, desenvolvido e produzido ali, que levou o nome da cidade ao mundo ao ser chamado de ―pergaminho‖. Diante de todo esse quadro, recomenda-se não relacionar ―trono de Satanás‖ com determinados prédios, mas antes com a cidade inteira, na qual os membros da comunidade viviam dispersos. Estava em questão algo ligado à atmosfera, a Pérgamo enquanto centro helenista em sua totalidade impressionante, com tudo o que dela irradiava em termos religiosos, culturais e políticos de forma tão atordoadora. Entretanto, quem diz helenismo, diz fusão (qi 11). A comunidade vivia no centro de um forno de fundição. Considerando isso, o pensamento retorna à história de Balaão. Quem lê aqueles capítulos do AT sente como ele estremece diante da consciência de um ataque geral de Satanás ao povo de Deus. Está em jogo ser ou não ser. Ao mesmo tempo, um segundo paralelo merece ser preservado: Israel caiu nessa provação imediatamente após uma série de vitórias (Nm 21.21-35). Esse aspecto abriga uma tática do inimigo: ele espera pela tendência para a leviandade por parte do vitorioso. Também à igreja em Pérgamo se atesta uma vitória recentemente conquistada: Conservas o meu nome (―Manténs firme o meu nome‖). O termo ―conservar‖ é demasiado inexpressivo. A questão era apegar-se com toda a força e agarrar-se com unhas e dentes. Algo estava para ser arrancado da igreja (cf. Ap 2.25; 3.11). Convidava-se para soltar. Uma onda de perseguição passou por cima da comunidade. A luta girava em torno do nome Jesus. Como tantas vezes no NT, a controvérsia com o ambiente inflamava-se nesse nome (Mt 10.22; 19.29; 24.9; Jo 15.21; At 5.41; 9.16; 21.13; 15.26; 1Pe 4.14; Ap 3.8): no choque com o culto à serpente poderia ter sido o nome do Salvador (cf. acima), contra o culto ao imperador mais tarde o nome de Senhor, diante do judaísmo a designação de Jesus como Messias ou Filho de Deus. Todos esses títulos são entendidos na confissão cristã como ―nome acima de todo o nome‖, elevando Jesus sobre todas as grandezas e solicitando ao imperador e aos deuses para que ―se dobrem‖ (Fp 2.9,10). Muitas vezes o mundo em redor era magnânimo e teria tolerado a veneração de Jesus, se paralelamente pudesse ter prosseguido com a veneração de outros senhores e salvadores. Contudo, elevar esse Jesus como o único e verdadeiro Senhor e Salvador representava, enfim, o estopim, tão logo essa demanda era entendida. O mundo humilhado então se amotinava contra o nome Jesus e exigia da igreja que revogasse essa confissão. As frases seguintes ampliam a impressão obtida. E não negaste a minha fé (―E não negaste a fidelidade para comigo‖). A acepção mais singela de ―negar‖ é dizer não quando perguntado. Seu oposto é ―confessar‖: dizer sim diante de uma declaração (ambas as expressões em Jo 1.20). Conseqüentemente, havia em Pérgamo discussões duras e pressão maciça para que se renunciasse à fidelidade ao Senhor Jesus. Contudo, a igreja foi aprovada ainda nos dias de Antipas, minha testemunha, meu fiel, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. Entrementes ficaram para trás os dias difíceis, repletos de trevas satânicas. Toda a comunidade havia se tornado o foco de ataques públicos, contudo Antipas foi a única vítima. Ele recebe o mesmo título de Jesus Cristo em Ap 1.5. Nisso expressa-se a estreita união de destinos. O Senhor o atrai para bem perto de si. Quanto ao aspecto exterior do episódio, apenas se podem levantar suposições. T. Zahn associa a menção expressa de Satanás no presente texto ao culto à serpente. Talvez naquela exata oportunidade se realizasse em Pérgamo uma festa em honra dessa ―salvadora mundial‖. Confluíam peregrinos da província toda. As ruas, pelas quais se movia a procissão, estavam lotadas, num clima extremamente tenso. Então Antipas, conhecido como cristão, é notado e encarado como espectador crítico. O mero silêncio já pode ser eloqüente! Ele é desafiado, mas permanece firme até a morte. Parece que se tornou vítima do fanatismo. Nada denota uma perseguição planejada e um processo judicial.

14 Entretanto, mesmo contra essa igreja, que naquele tempo não se deixou intimidar, que saiu aprovada de uma grave pressão, dirige-se agora a acusação de seu Senhor (EXCURSO 1c): Tenho, todavia, contra ti algumas coisas (―Tenho, contudo, contra ti uma ‗ninharia‘‖ [tradução do autor]). O ponto a criticar é tudo menos insignificante e no v. 16 seguem-se tons extremamente ásperos, de modo que não se pode falar de repreensão leve. Por isso, recomenda-se colocar ―ninharia‖ entre aspas. É uma suposta ninharia. Por trás de tudo está a conversa dos balaamitas: convenhamos, não devemos dar tiros de canhão em passarinhos! Na verdade, porém, essas supostas questões insignificantes punham em risco toda a aprovação e determinação da igreja. O conselho que Balaão deu ao rei Balaque (Nm 31.16; 25.1-3) consistia de algo ―insignificante‖ quando comparado à preparação de uma batalha de campo: ―convida-os a participarem no culto aos ídolos (e para a imoralidade comum nessas ocasiões)! Não lhes envies um grande exército, mas pequenas donzelas!‖ Trata-se, portanto, de uma ninharia no sentido de uma armadilha. ―Tens entre ti alguns daqueles que se apegam à doutrina de Balaão, que ensinou Balaque a armar ciladas diante dos (‗seduzir os‘) filhos de Israel (para a apostasia,) para comerem coisas (‗carne‘ [cf. TEB, BJ]) sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição (‗imoralidade‘)‖. É doloroso que também no presente contexto tenhamos de encontrar o conceito ―apegar-se‖, do v. 13 (como igualmente no v. 15): nas duas vezes fala-se de agarrar persistentemente, uma vez, porém, em relação ao nome de Jesus, outra vez em relação ao conselho de Balaão. Esses dois tipos de apego pareciam ser conciliáveis em Pérgamo. Contudo a espada do Senhor intervém. Não são conciliáveis! O consumo de carne sacrificada a ídolos refere-se a refeições no contexto de cultos gentílicos. As próprias divindades que doavam a carne dos animais que lhes haviam sido ofertados eram consideradas senhores da mesa. Dessa maneira, os participantes usufruíam da comunhão com os deuses (cf. 1Co 10.20). Ao mesmo tempo, essas celebrações significavam auges e compromissos sociais. Era difícil ficar de fora quando os parentes ou conhecidos convidavam. Paulo já se defrontara com esse problema (p. ex., 1Co 8–10). A princípio, a carne era para ele uma questão neutra, contudo seria possível consumi-la ―em si‖? Como fica o contexto? Assim que é ingerida em honra aos deuses, a carne recebe uma marca negativa, e então vale: ―fugi da idolatria‖ (1Co 10.14). Favorecidas por comilanças e alto consumo de vinho, essas refeições degeneravam para orgias descontroladas e imorais. Mais importante, porém, é a religiosidade que estava por trás, que dominava todos os cultos do Oriente Médio e, assim, o contexto de Israel, a saber, o endeusamento das forças naturais e sensuais. A terra era considerada a deusa-mãe. Ela se torna fértil quando o jovem deus do céu, denominado de Baal, semeia sobre ela suas chuvas. No culto, esse matrimônio de deuses é celebrado, encenado e imitado em forma de ―casamentos sagrados‖ em honra a Baal. Os profetas do AT e também João irreverentemente chamavam esses cultos aos deuses de imoralidade. Em Corinto, de acordo com Estrabo (geógrafo e escritor grego, falecido no ano 20) teria havido mil prostitutas sacrais permanentes. Esse costume também penetrou em Israel: 1Rs 14.23,24; 15.12; 22.47; Dt 23.18,19; Jr 2.20; 3.2,6; Os 4.12-14; conforme 2Rs 23.7, também uma vez no Templo de Jerusalém. Ez 23 constitui uma inflamada acusação contra o pecado de Israel. Os cultos da Ásia Menor tinham uma flagrante semelhança com os cultos sírios e palestinos, de modo que João foi compreendido sem dificuldades quando relacionava palavras do AT com a situação das sete cidades. Um dos deuses preferidos do helenismo era Dionísio, em cujo serviço as pessoas se entregavam em êxtase à natureza e aos impulsos vitais. Especificamente na Ásia Menor, o objeto de veneração era a ―grande mãe Cibele‖. Ela é a ―Diana‖ ou ―Ártemis‖ dos efésios de At 19.24-35, que como deusa da fertilidade era retratada com muitos seios. Obviamente a participação em tais cultos também solapava a moral na vida extra-religiosa. O ser humano grego tendia, até em seus mais nobres expoentes, para grande tolerância em relação à incontinência sexual. Paulo teve de enfrentar esse espírito no âmbito da comunidade, no qual se via a liberalidade sexual como prova da superioridade cristã (1Co 5.1). No mundo helenista, a imoralidade estava incrivelmente divulgada em todas as suas formas, a ponto de João vislumbrar a cidade da Babilônia, símbolo da humanidade civilizada daquele tempo, como ―mãe da prostituição‖ (Ap 17.5). Conseqüentemente, a expressão ―praticar a imoralidade‖ incide sobre uma situação multi-segmentada. Ela significa aderir a cultos gentílicos, ou seja, decair de Deus, romper o ―matrimônio‖ com ele. Esse adultério intelectual muitas vezes degenerava literalmente para a devassidão. O Primeiro Mandamento, que adverte contra outros deuses, está implicitamente ligado ao Sexto Mandamento, que adverte contra outras mulheres. Fidelidade é indivisível, tanto faz se é em relação a Deus ou à própria esposa. Essa ―imoralidade‖ de sentido abrangente havia se aninhado na comunidade de Pérgamo de maneira especialmente firme e atrevida. Em Éfeso falou-se tão somente das ―obras‖ dessa gente. Aqui se informa sobre a sua doutrina e sua atividade de doutrinação. Talvez resida nisso o avanço da prática pessoal para a justificação e propaganda públicas. Fazem escola e têm alunos. Que faz a igreja? Tu tens os que da mesma forma sustentam (―se apegam‖ ―seguem‖ [RC]) é uma expressão totalmente neutra, não revelando nenhuma tomada de partido. Não se pode dizer, como em relação a Éfeso: ―Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas‖ (Ap 2.6), nem como dos cristãos em Tiatira: ―Tu os toleras‖ (Ap 2.20). Em Pérgamo, esses dois grupos e essas duas correntes de proclamação caminham simplesmente lado a lado. Contudo, essa neutralidade dentro da igreja constitui justamente o ponto de acusação contra a igreja em Pérgamo, que para fora testemunha de maneira tão corajosa. Como os mesmos homens ficaram calados, estranhamente calados! Isso é infidelidade na essência. A força para testemunhar ficou paralisada e foi interrompida num determinado ponto. Havia algo dentro deles que se entendia com os balaamitas e que tinha o efeito de um corpo estranho na sua relação com Jesus. Afinal, o melhor esconderijo para a infidelidade é entre os que são fiéis. Ali ninguém a espera, nem mesmo a maioria dos próprios fiéis. O Senhor exaltado, porém, traz à luz o que está oculto. Sua espada não perdeu o fio. Com cortes seguros ele disseca o foco da infidelidade. Também o mais fiel de todos deve examinar-se. ―Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia‖. Satanás é sobremodo astuto, e Jesus declara: ―Habitas junto do trono de Satanás‖.

15 O aspecto totalmente inesperado que aparece nessa revelação, bem como a profunda dor sobre ele, reside no tom da palavra final de acusação: Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam (―se apegam‖) a doutrina dos nicolaítas. Ou os nicolaítas representam um segundo grupo ao lado dos balaamitas de cunho mais judaico (nota 193), ou o autor está dizendo: assim como Balaque tinha o seu Balaão, assim os de Pérgamo tinham os seus nicolaítas. Os nicolaítas desempenhavam em Pérgamo o papel de Balaão.

16 Ao breve chamado ao arrependimento segue-se a palavra de advertência (EXCURSO 1d): Portanto, arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca. Essa referência, bem como a outra em Ap 19.11, que falam da ―guerra‖ de Jesus Cristo, previnem-se nitidamente contra um entendimento literal (nota 162). Contudo Cristo julgará, e os Balaãos sempre são tratados com dureza (Nm 31.8; Gl 1.7-9; 5.12; e, a seguir, o v. 22). O tribunal tem capacidade de acertar os causadores com exatidão, mas a comunidade inteira é disciplinada e envergonhada por isso.

17 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas (quanto aos ditos de gravação, cf. EXCURSO 1e). Que é que o Espírito diz à luz precisamente dessa mensagem à comunidade? Ele diz à comunidade sim e não, sim para o seu testemunho para fora, e não para o seu silêncio para dentro de si. Ele lhe diz: ―Tua situação de confissão não acaba com ‗aqueles dias‘. Ela se prolonga até o teu hoje. De maneira inalterada vives onde se situa o trono de Satanás. Naquela época, a ‗velha serpente‘ apareceu como assassina, agora aparece como sedutora. Portanto, duas vezes Satanás. É por isso que a tua fidelidade está em jogo duas vezes e duas vezes a tua vitória. Reconhece a duplicidade dos acontecimentos e não corras para a cilada, depois que venceste no conflito aberto.‖ No centro da igreja posiciona-se o Senhor da mesma, cuja espada não perdeu o fio num dos lados. Seu alvo é uma vitória redundante. O oráculo do vencedor (EXCURSO 1f) reitera no começo, conforme o sentido, o oráculo dirigido a Éfeso: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido. Tanto lá como aqui fala-se da refeição como sinal da comunhão perfeita com Cristo. Bengel observa: ―Diante desse manjar o apetite pela carne sacrificada a ídolos deveria desaparecer‖. Contudo, é verdade que Ap 2.7 se move de acordo com os parâmetros da idéia do paraíso. Agora, porém, o pano de fundo é a época de Moisés, motivo pelo qual é feita associação com a alimentação no deserto. A continuação do oráculo evoca Ap 2.10b e o clima de competição: lhe darei uma pedrinha branca. Os vencedores nas olimpíadas eram honrados ao extremo quando retornavam à sua cidade natal, e provavelmente também eram recompensados através de objetos de valor ou reduções de impostos. Necessitavam, porém, de uma autenticação. Para esse fim eles recebiam, por ocasião das honrarias em Olímpia, além da grinalda de louros também tabuletas de mármore branco com o seu nome. Receber a pedra branca explica-se, portanto, como elemento da homenagem ao vencedor. A continuação atrai sobre si a atenção: e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe. Aqui o Apocalipse menciona pela primeira vez a palavra ―novo‖. Mais tarde falará sobre novos cânticos, nova Jerusalém, novo céu e nova terra. Tudo novo! Essa é senha do mundo vindouro de Deus. O antônimo é o que atualmente existe. A transição de um para outro não é produzida por um desenvolvimento. Desenvolvimento não renova nada, mas apenas revela de forma nova o antigo. Por isso ―novo‖ designa o ato criador, o milagre (cf. o comentário a Ap 5.9). Esse ato agora está sendo relacionado com o nome dos vencedores. Assim como nas origens tudo foi chamado pelo nome (Gn 1.5,8), recebendo desse modo sua posição, vocação e destino, assim acontece também na renovação de todas as coisas. A Bíblia conhece a mudança de nomes como mudança de projeto (Abraão em Gn 17.5; Jacó em Gn 32.28; discípulos em Mc 3.16; Jo 1.42). Deus interrompe uma vida e a redireciona. Is 62.2; 65.15; 56.5 anuncia uma mudança do nome de Israel no fim dos tempos. Receberá o nome do vencedor. Com isso está encerrada a existência atual de interminável angústia: ―porque já estão esquecidas as angústias passadas e estão escondidas dos meus olhos‖ (Is 65.16). Também a igreja em Pérgamo não saía do perigo. Mal tinha superado com êxito uma batalha e pensava poder fazer uma pausa para tomar fôlego, e já tudo corria risco novamente. Contudo, Deus conduzirá desse estado para uma nova situação. Ao que for fiel ele mais uma vez confere um novo nome. A circunstância de que ninguém sabe como soa esse novo nome, exceto o doador e o portador, sublinha a segurança da nova condição. Esse nome é segredo entre Cristo e a comunidade vitoriosa, expressando assim uma comunhão livre de intrusões. Assim como esse nome está garantido contra qualquer abuso por terceiros, assim ninguém poderá violar esse novo relacionamento com Cristo. Finalmente a igreja pode viver sem perturbações para a sua vocação: vida inatacável! (cf. sobre isso Ap 7.9). O Senhor garante a sua fidelidade duplamente aos que lutam arduamente por se manterem fiéis: ―Eu lhe darei, eu lhe darei‖.

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