Entrevista com Mathias Quintela de Souza Publicado em 19.01.2007
Mathias Quintela de Souza, pastor da 1ª Igreja Presbiteriana Independente de Londrina (PR), mestre em Missiologia, foi um dos preletores do evento Marcas para a Liderança para um novo tempo - encontro de líderes realizado no fim do ano passado em Rondonópolis (MT) e que terá uma versão na cidade de Londrina, em março de 2007. Pastor Mathias falou ao Instituto Jetro sobre as as características do mundo pós-moderno que impactam a igreja e as marcas que devem definir o perfil dos líderes e pastores que atuam diante dos desafios de nossos dias.
De que forma o ministério pastoral é impactado por encontros como o realizado em Rondonópolis?
Mathias - Um encontro como este é uma rica oportunidade para que os pastores se encontrem, se confraternizem, troquem idéias e reflitam sobre o ministério, como partes do Corpo de Cristo, sem barreiras denominacionais.
Que características do mundo pós-moderno impactam diretamente a igreja?
Mathias - O relativismo, o individualismo, o consumismo, o pluralismo, a secularização e a padronização do mundo globalizado. Os resultados, dentre tantos outros, é o enfraquecimento ético, o declínio da vida comunitária, a crise de identidade e o predomínio da competição no campo religioso sobre a afirmação dos valores das diversas tradições cristãs.
De que forma os cristãos devem se sobressair diante desta situação?
Mathias - As características acima mencionadas devem ser vistas não apenas como ameaças, mas como oportunidades para darmos a nossa contribuição para que as pessoas encontrem respostas para os seus anseios de valores permanentes, para as necessidades de vida comunitária que possibilite convívio humano significativo e comunhão real e para o desenvolvimento de uma individualidade sadia como seres humanos.
O senhor entende que os pastores e líderes estão sendo adequadamente preparados para os desafios dos dias atuais?
Mathias - Não. Geralmente os centros de treinamentos, principalmente os denominacionais, estão mais voltados para dar respostas às perguntas da modernidade, ultrapassadas para o mundo pós-moderno. Daí a importância da contribuição de organizações como o Instituto Jetro que vem despertando o interesse de líderes interessados em se prepararem melhor para estarem à altura dos desafios e oportunidades dos nossos dias. Percebe-se também um despertamento generalizado no meio evangélico para um treinamento de líderes que leve em conta tanto a autenticidade quanto a relevância.
O evento abordou uma liderança marcada pelo caráter, devoção, serviço, visão e competência. Alguma dessas marcas se sobressai ou tem uma importância maior na vida do líder?
Mathias - Todas essas marcas são importantes e estão inter-relacionadas na vida do líder. Mas o caráter é essencial. Ouvi um empresário dizer que muitos são contratados pelo que sabem fazer e depois são demitidos pelo que são. Por isso os servos de Deus, para serem aprovados, são duramente provados, como aconteceu com José do Egito, com Moisés, com Elias e com o próprio Jesus que, sendo Deus encarnado, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu.
Sua palestra enfatizou a marca do serviço. Essa tem sido uma marca amplamente discutida até mesmo no mundo secular. Na sua avaliação, ela tem sido verdadeiramente a marca dos líderes cristãos?
Mathias - Dos líderes genuinamente cristãos, sim. Mas até para estes, a tentação de usar o poder para servir-se dele é muito forte. Manifestou-se no colégio apostólico quando houve entre eles acalorada discussão para saber quem era o maior. Muitos líderes têm caído nessa tentação. No meio evangélico brasileiro isto tem alcançado o nível do escândalo. Mas esses líderes não persistem. Revelam-se. Os bons líderes são usados por Deus; os maus líderes usam Deus para alcançar objetivos pessoais e de grupos. A autoridade de um líder é legítima quando ele identifica as necessidades dos seus liderados para servi-los. O mundo secular está descobrindo e praticando esse princípio. Portanto, o líder que começa bem, prossegue bem e termina bem é aquele que lava os pés dos seus irmãos.
De acordo com a percepção que o senhor teve do evento, através das perguntas feitas pelos participantes e as reflexões ali geradas, em qual dessas áreas os pastores e líderes apresentam ou percebem maiores dificuldades?
Mathias - Vida devocional. O problema do ativismo, que exaure, desgasta, estressa, só pode ser resolvido por uma vida devocional disciplinada, saudável, prazerosa. Quando buscamos o Reino de Deus e a sua justiça em primeiro lugar, as demais coisas são acrescentadas. Percebeu-se no encontro que todos concordam com isso, mas a prática tem sido insatisfatória.
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Título do artigo: Marcas da liderança para os dias de hoje
Autor: Mathias Quintela de Souza
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