O Fim da memória

Este é o título do subversivo livro de Miroslav Volf, celebrado professor em Yale, sobre sua trajetória pessoal e os embates que ele duramente teve que experimentar.

Volf foi convocado para o serviço militar compulsório do seu país, a Iugoslávia comunista, deixando para trás sua mulher grávida e tendo que abandonar sua tese de doutorado para viver um ano na base militar de Mostar, dividindo um aposento com quarenta soldados e comendo gulache frio com a carne cozida às 5h no café da manhã. O grande desafio dele, contudo, não estaria na escassez e privação, mas nos interrogatórios a que seria submetido.

Ele era casado com uma cidadã americana, que aos olhos de seus comandantes era potencialmente uma espiã da CIA; era filho de um pastor que os comunistas quase haviam eliminado como inimigo depois da segunda guerra mundial; e era teólogo. Por estas razões a polícia secreta suspeitava que ele fosse um insubordinado e por isto o importunava com regularidade e o submetia diariamente a longos interrogatórios.

Um dos seus maiores algozes era o Capitão G., e com o passar dos anos de constantes interrogatórios, Volf passou a desenvolver por ele uma raiva fria, permanente, que nem mesmo a vingança poderia alterar. Mas percebeu, de um modo mais inconsciente que consciente, que se cedesse àquilo que sentia, não estaria respondendo como um ser humano livre, mas reagindo como um animal ferido.

No seu livro ele se propõe a trabalhar “a memória da maldade sofrida por alguém que não deseja nem odiar nem ignorar, mas sim amar o malfeitor”. Para ele, a questão central não era saber se devia lembrar, já que, com certeza se lembraria dos eventos massacrantes a que fora submetido, mas como lembrar corretamente.

Uma de suas teses principais é que o mal precisa ser alimentado para que se perpetue. Quando o mal é praticado, a tendência imediata é reagirmos com mal, e assim a maldade se retroalimenta, já que é reforçada. Desta forma, entramos numa espiral do mal para combater o mal, sem perceber que ele se transforma num ciclo maligno que exigirá doses e reações cada vez maiores. Para o mal acabar, num determinado momento, alguém precisa interromper seu poder e agir com benignidade. Quando se tenta combater o mal como o mal, ele se fortalece e se potencializa.

O mal perde seu poder quando seu poderio bélico deixa de ser empregado, quando se pratica o bem e exerce o perdão. Assim como o maligno é combatido com o Divino, o mal é combatido com o bem.

A Bíblia diz: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”. Jesus é o modelo maior de como o mal pode ser vencido. Ele assumiu o mal em si mesmo, e decidiu não reproduzi-lo ou perpetuá-lo, antes, ao ser crucificado, clama a Deus: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Ali o mal foi estancado. O mesmo acontece quando o perdão é liberado. Ele desestrutura o mal e não permite que ele seja propagado e difundido. O perdão interrompe o mal, e sem combustível, ele perde sua força e poder destrutivo.

Rev. Samuel Vieira

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