Lição 01 – No Mundo Tereis Aflições - 2

LUTO E ALEGRIA NA VIDA DOS DISCÍPULOS – João 16.16-33
– Um pouco, e não mais me vereis; outra vez um pouco, e ver-me-eis.
17 – Então, alguns dos seus discípulos disseram uns aos outros: Que vem a ser isto que nos diz: Um pouco, e não mais me vereis, e outra vez um pouco, e ver-me-eis; e: Vou para o Pai?
– Diziam, pois: Que vem a ser esse – um pouco? Não compreendemos o que quer dizer.
19 – Percebendo Jesus que desejavam interrogá-lo, perguntou-lhes: Indagais entre vós a respeito disto que vos disse: Um pouco, e não me vereis, e outra vez um pouco, e ver-me-eis?
– Em verdade, em verdade eu vos digo que chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria.
21 – A mulher, quando está para dar à luz, tem tristeza, porque a sua hora é chegada; mas, depois de nascido o menino, já não se lembra da aflição, pelo prazer que tem de ter nascido ao mundo um homem.
– Assim também agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar.
23 – Naquele dia, nada me perguntareis. Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai, ele vo-la concederá em meu nome.
– Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa.
– Estas coisas vos tenho dito por meio de figuras; vem a hora em que não vos falarei por meio de comparações, mas vos falarei claramente a respeito do Pai.
26 – Naquele dia, pedireis em meu nome; e não vos digo que rogarei ao Pai por vós.
27 – Porque o próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado e tendes crido que eu vim da parte de Deus.
– Vim do Pai e entrei no mundo; todavia, deixo o mundo e vou para o Pai.
29 – Disseram os seus discípulos: Agora é que falas claramente e não empregas nenhuma figura.
30 – Agora, vemos que sabes todas as coisas e não precisas de que alguém te pergunte; por isso, cremos que, de fato, vieste de Deus.
31 – Respondeu-lhes Jesus: Credes agora?
– Eis que vem a hora e já é chegada, em que sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só; contudo, não estou só, porque o Pai está comigo.
33 – Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.

16 Jesus já falou da vinda do ―Advogado‖ e de sua atuação. O Espírito da verdade o glorificará e tomará ―do que é dele‖ aquilo que ele anuncia. Portanto, será que a despedida de Jesus dos seus será de fato definitiva? Será que, então, eles mesmos não o terão mais? Será que ainda o terão somente na ―palavra‖ e na ação do Espírito? A Jesus interessa que seus discípulos não o compreendam mal. Por isso ele agora fala com eles a respeito da ―Páscoa‖, de sua ressurreição e sua nova presença entre eles. De forma surpreendente, sucinta e enigmática para os discípulos, Jesus começa: ―Um pouco, e não mais me vereis; outra vez um pouco, e ver-me-eis.‖

17/18 Os discípulos repetem para si a palavra, como estavam acostumados a fazer como ―alunos‖ de um ―professor‖ israelita, gravando assim as palavras do Mestre. Contudo admitem que não conseguem entender a palavra de Jesus. Muito menos quando ao mesmo tempo se lembram de sua asserção ―Eu vou para o Pai‖ (Jo 16.5). Será que estar junto do Pai não é seu alvo para sempre, de modo que eles ainda ficarão separados dele bastante tempo, até que os leve para a casa do Pai com as muitas moradas? Não foi somente esse o sentido do que falara de sua ―volta‖ em Jo 14.3? Será que ele agora tem algo diferente em mente? Agora eles dizem: ―Que vem a ser esse – um pouco? Não compreendemos o que quer dizer.‖

19/20 ―Jesus percebendo que desejavam interrogá-lo.‖ Até mesmo quando ―indagavam‖ em tom baixo por trás de suas costas, Jesus o percebe. Ele repete a palavra que para os discípulos é incompreensível e de fato formulada de modo enigmático, descrevendo agora os acontecimentos da forma como os próprios discípulos os experimentarão: ―Em verdade, em verdade eu vos digo que chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará. Ficareis tristes, porém vossa tristeza se converterá em alegria.‖ Também aqui o ―mundo‖ é o mundo de Israel, o mundo dos sacerdotes e fariseus. Lá haverá alegria sobre o rápido e bem-sucedido aniquilamento de Jesus, sem qualquer reação por parte das massas que haviam aplaudido Jesus com júbilo. O desânimo de Jo 12.19 dará

lugar ao triunfo, que se expressa sensivelmente no escárnio em relação ao moribundo na cruz. Para os discípulos serão dias de luto e lamento. Porém Jesus pode assegurar a seus discípulos: isso durará apenas ―um pouco‖, será muito mais breve do que imaginam. Após o triunfo das pessoas na Sexta-Feira Santa, virá o poderoso ―porém‖ divino da Páscoa: ―Porém vossa tristeza se converterá em alegria.‖

21/22 Como, afinal, é possível que dor verdadeira e aflição palpável revertam tão rapidamente em alegria? Isso é possível? Lembrem-se da mulher na hora do parto, diz Jesus. Ela passa por grandes dores e temor da morte. Mas tudo isso é esquecido e substituído por alegria indescritível, quando a mãe toma seu filho nos braços. ―A mulher, quando está para dar à luz, tem dor, porque sua hora é chegada. Mas, depois de nascido o menino, já não se lembra da aflição, pela alegria de que nasceu ao mundo uma pessoa.‖ Em seu próprio modo de ser Jesus é tão integralmente abnegado que tampouco consegue imaginar a felicidade da jovem mãe como voltado para ela mesma. Ele considera que a alegria da mãe se volta para o grande fato de ―que nasceu ao mundo uma pessoa‖.

Admiravelmente abnegada é também a aplicação que Jesus faz dessa metáfora. Não deveria ele falar agora de si mesmo, de que precisa atravessar a ardente aflição como uma mulher em dores de parto, para que possa vir a nova vida? Ele, porém, pensa apenas em seus discípulos e naquilo que está diante deles. Deseja consolá-los. Somente deles é que fala. ―Assim também agora vós tendes tristeza. Mas outra vez vos verei. Vosso coração se alegrará, e vossa alegria ninguém poderá tirar.‖ A princípio, ouvimos essa palavra involuntariamente como uma palavra da volta de Jesus. É cabalmente certo que na parusia a palavra encontrará seu último e pleno cumprimento. Mas neste momento Jesus está falando da Páscoa. A Páscoa era ―reencontro‖, e por isso também era ―alegria (Jo 20.20; Mt 28.8; Lc 24.32,41). E até hoje é uma verdade para a igreja, apesar de todas as lutas e necessidades: ―Vossa alegria ninguém poderá tirar.‖ A alegria concedida na Páscoa é imperdível e indestrutível. É verdade que essa ―alegria‖ somente pode existir para aqueles que conhecem e amam a Jesus e que por isso sabem algo da ―tristeza‖ pela qual os discípulos precisaram passar, quando Jesus lhes parecia ter sido tirado.

23/24 Se em todo o presente trecho Jesus está falando da Páscoa, então a promessa seguinte também já deve ter começado a se cumprir na Páscoa: ―Naquele dia, nada me perguntareis.‖ De fato é assim. Em nenhum dos relatos pascais lemos algo sobre perguntas dos discípulos a seu Senhor ressuscitado, embora teria sido tão propício perguntar-lhe justamente naquela ocasião a respeito de muitas coisas. Porém os discípulos entenderam: a ―Páscoa‖ já representa a resposta divina às perguntas centrais de nossa vida. A pergunta sobre nossa culpa e perdição obteve nela sua solução gloriosa. Todas as perguntas sobre nossa morte foram superadas ali. Não devemos mais dirigir a Jesus perguntas sobre a sua trajetória do céu para a terra, na terra até a cruz e até a sepultura, e da sepultura para a nova vida. Para a igreja vigora indubitavelmente que: Jesus foi ―entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação‖ (Rm 4.25). Não há mais nada a perguntar. E para quem mantém seu olhar fixo nesse ponto, muitas perguntas torturantes de sua vida também perdem seu poder. Ele silencia.

No entanto, Jesus tem ainda outro enfoque. As ―perguntas‖, nas quais as pessoas se desgastam, são superadas e substituídas pelos ―pedidos‖. Outra vez Jesus recomenda aos seus a oração e os encoraja a orar, assegurando-lhes atendimento certo. ―Em verdade, em verdade vos digo: Se pedirdes alguma coisa ao Pai, ele vo-la concederá em meu nome.‖ Jesus altera um pouco a promessa de Jo 14.13s: aqui não é a oração dos discípulos, mas o conceder do Pai que acontece ―em nome de Jesus‖. A centralidade de Jesus é tão séria que os oradores somente podem pedir da forma correta e com confiança plena se olharem para ele, mas que também o Pai olha para Jesus quando concede a nós pecadores dádivas tão ricas. ―Pecadores‖ jamais podem se arriscar a erguer os olhos para Deus e lhe pedir algo. E o cego de nascença tinha razão quando disse: ―Sabemos que Deus não atende a pecadores‖ (Jo 9.31). Contudo, por causa de Jesus, o santo Deus é ―Pai‖ para os discípulos. Por causa de Jesus eles ousam pedir ao Pai, por causa de Jesus Deus os atende e lhes concede o que pediram.

Os discípulos já ouviram a respeito desse pedir. Contudo ainda não o praticaram pessoalmente. Porém a partir da Páscoa eles saberão pedir desse modo. ―Até agora nada tendes pedido em meu nome. Pedi e recebereis, para que vossa alegria seja completa.‖ Como israelitas os discípulos haviam orado muito. Não é isso que Jesus coloca em dúvida. Até hoje a riqueza da oração israelita está diante de nós nos Salmos. Contudo, é significativo que Jesus não se contente com um orar desses

por parte dos discípulos, e não apenas os anima a praticar essa oração com mais zelo e fidelidade. Ele transporta seus discípulos para uma base completamente nova, concedendo-lhes desse modo uma oração nova e plena de certeza. Numa vida de oração em nome de Jesus a ―alegria‖ da Páscoa não fica circunscrita a um breve ―tempo de alegria pascal‖, mas é ―completada‖ para uma alegria duradoura. Uma oração que é atendida, feita em nome de Jesus, leva ao recebimento de cada vez mais dons divinos. Esse recebimento, porém, enche o coração de alegria maravilhada. Então Jesus é experimentado como o Senhor vivo e seu nome é experimentado como poder de socorro.

25 ―Estas coisas vos tenho dito por meio de figuras.‖ A palavra traduzida por ―figuras‖ não se refere tanto à ―comparação‖ explicativa, mas na realidade à ―palavra enigmática‖. Um ―enigma‖ fala com palavras que em si não são incompreensíveis e que, apesar disso, apontam para algo que o ouvinte não pode entender de forma simples. De acordo com Mc 4.11s, também as ―parábolas‖ de Jesus não visam ser ―ilustração‖, mas ―palavras enigmáticas‖ que tanto encobrem quanto revelam. ―Luz‖, ―vida‖, ―água‖, ―pão‖, ―porta‖, ―Pai‖, ―Filho‖ – são todas palavras simples conhecidas de todos, e apesar disso a realidade para a qual apontam ainda permanece oculta quando Jesus as usa em sua proclamação e em seu autotestemunho. Contudo, as coisas hão de mudar. ―Vem a hora em que não vos falarei por meio de figuras, mas vos proclamarei claramente a respeito do Pai.‖ Quando virá essa ―hora‖? Cabe lembrar novamente a Páscoa. Pois na parusia Jesus não ―proclamará‖ mais. É isso que os discípulos poderão contemplar diretamente. Porém após sua ressurreição Jesus ―proclama‖ de novo. E de fato o faz ―claramente‖ e de forma diferente do que fazia antes da Sexta-Feira da Paixão e da Páscoa. Vemo-lo no caso dos discípulos no caminho para Emaús, aos quais ―expunha as Escrituras‖ (Lc 24.25-32). Mas o sentido ainda é outro. Na perspectiva de Jesus, o envio do Espírito, isto é, ―Pentecostes‖ (Jo 20.22), faz parte da Páscoa como decorrência de sua ―exaltação‖ (Jo 16.7). E agora aparece nitidamente diante de nós como o verdadeiro e vivo reconhecimento de Deus surge nos discípulos, porque agora Jesus lhes fala ―claramente‖ no Espírito Santo. Conseqüentemente, antes perplexos, equivocados, deprimidos, transformam-se em testemunhas, que por sua vez são capazes de proclamar ―claramente‖, cheios de coragem e franqueza.

26/28 Essa ―coragem franca‖, essa convicção plena, mostra-se primeiro no centro mais íntimo de nossa vida de fé, na ruptura daquela verdadeira oração de que Jesus falou. ―Naquele dia, pedireis em meu nome.‖ Novamente fica claro que em tudo isso Jesus não pensava no dia de sua parusia, mas tinha em vista a Páscoa e Pentecostes numa unidade. O dia da parusia não leva a que se peça em nome de Jesus, porém àquela unificação cabal da igreja com seu cabeça, que torna esse ―pedir‖ desnecessário. Porém, desde ―aquele dia‖, desde a ressurreição de Jesus e da efusão do Espírito, existe até hoje essa verdadeira oração em nome de Jesus.

Em seu amor ao Pai, o Filho teme um mal-entendido que poderia advir de sua constante ênfase na oração ―em seu nome‖. Será que Deus não está disposto a nos atender por si mesmo? Será que ele é duro e frio conosco, sendo movido somente por Jesus para atender nossas preces? Será que carecemos da constante intercessão de Jesus para alcançar algo junto de Deus? Não! Jesus assegura expressamente: ―E não vos digo que rogarei ao Pai por vós. Porque o próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado e crido que eu vim da parte de Deus.‖ Como é maravilhoso saber que Deus é para nós o Pai e nos ama pessoalmente. Na oração temos realmente o privilégio de falar com o santo Deus ―como filhos amados pedem ao querido Pai‖. Porém não possuímos esse amor do Pai por natureza. Por natureza somos ―filhos da ira‖ (Ef 2.3). O amor de Deus apenas nos é dado quando e porque ―temos amado e crido‖ que ele veio da parte de Deus. O amor de Deus está disponível apenas pela aceitação do amor do Filho e pela fé em Jesus. Continua valendo: ―Ninguém vem ao Pai senão por mim‖ (Jo 14.6). Por essa razão justamente Jesus sintetiza mais uma vez agora toda a sua obra e a expõe diante dos discípulos: ―Vim do Pai e entrei no mundo; todavia, deixo o mundo e vou para o Pai.‖

29/30 Os discípulos estão consternados com tudo o que Jesus lhes declarou, e agora pensam que suas últimas palavras já estão experimentando a ―hora‖ de que Jesus falou. ―Disseram os seus discípulos: Agora é que falas claramente e não empregas nenhuma figura. Agora, vemos que sabes todas as coisas e não precisas de que alguém te pergunte. Por isso, cremos que, de fato, vieste de Deus.‖ Nesse momento também para eles a palavra de seu Senhor lhes parece ser bem clara e certa, embora Jesus não lhes diga coisa além do que lhes testemunhara constantemente sobre si mesmo. Não foi nas palavras de Jesus que algo mudou, mas os discípulos parecem conseguir captá-las de outra maneira.

31/32 Enganam-se, porém, no ímpeto de seu sentimento, quando acreditam que agora já podem ter o que somente pode ser concedido depois da cruz e ressurreição por meio do derramamento do Espírito. É isso que a resposta de Jesus traz à memória. Podemos ler essa resposta como pergunta, mas também como constatação positiva: ―Respondeu-lhes Jesus: Agora credes.‖ Em todos os casos deparamo-nos mais uma vez (como já em Jo 2.23-25; 8.31ss; 10.41s; 11.45; 12.42) com o fato de uma ―fé‖ em Jesus que não pode ser simplesmente negada e que apesar disso não é aquela verdadeira fé decisiva. Ainda que não ouçamos a palavra de Jesus no tom de uma pergunta desesperada, a fé comovida, emotiva dos discípulos não é uma fé que resiste às tribulações da próxima hora. ―Eis que vem a hora e já é chegada, em que sereis dispersos, cada um para a sua casa, e me deixareis só.‖ Igualmente poderia ser traduzido: ―que vos dispersareis.‖ Mas está sendo usada a mesma palavra de Jo 10.12. Lá é o lobo quem ―dispersa, espanta‖ as ovelhas. Em consonância, não estaria Jesus pensando também aqui que os discípulos são dispersos para todos os lados pelo ataque das trevas contra Jesus? É claro que, como conseqüência, também espalhariam pessoalmente ―cada um para a sua casa‖. ―A sua casa‖ pode ser uma expressão daquilo que nós chamamos de ―terra natal‖. E no capítulo do acréscimo (Jo 21.1s) de fato encontramos uma porção dos discípulos na velha terra no lago de Tiberíades. Também Mateus (Mt 28.7) tem conhecimento desse retorno dos discípulos para a Galiléia, que aconteceu em virtude de uma instrução expressa do Senhor. ―A sua casa‖, no entanto, também pode significar de forma mais abrangente e genérica que os discípulos abandonam Jesus e sua causa e se voltam outra vez a seus próprios afazeres. Acontecerá, de fato, o que Pedro e, através de sua boca, os ―Doze‖ haviam recusado fazer na Galiléia (Jo 6.67-69). Até eles, que eram seguidores mais chegados ―vão embora‖, e Jesus permanece completamente só. Contudo ele não é uma pessoa que não tem mais ninguém quando as pessoas o abandonam. Ele é o Filho, que pode afirmar: ―Contudo, não estou só, porque o Pai está comigo.‖ A partir dessa palavra torna-se visível toda a profundeza da aflição, quando o Filho como portador da nossa culpa também será abandonado pelo Pai. O Filho, que durante toda a vida na terra está ―no seio do Pai‖ (Jo 1.18), indissoluvelmente ligado ao Pai, experimenta de maneira bem diferente do que nós o que é ser abandonado por Deus. Para ele é algo avesso à sua essência, impossível, incompreensível, e que apesar disso lhe acontece. É verdadeiramente terrível o grito de Jesus na cruz: ―Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?‖.

33 Jesus, porém, não está preocupado consigo mesmo, mas com seus discípulos. O que será deles quando o abandonarem e cada um se espalhar para a sua casa? ―Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim.‖ Não se pode entender isso. Jesus não deveria dizer aos apóstolos em tom ameaçador: se me abandonarem de forma infiel, vocês se precipitarão na falta de paz? Assim seria se os discípulos estivessem por conta de si mesmos. Então tudo teria acabado quando fracassassem. Em si mesmos não conseguem encontrar a paz. Porém, ―em mim‖, em Jesus, eles ―terão paz‖ - unicamente nele, mas nesse caso também com toda a certeza. Não precisam andar o caminho de desespero de Judas e tampouco o farão. Contudo unicamente isso será seu último apoio, o fato de que Jesus lhes prediz tudo e, apesar disso, não lhes retira seu amor.

Sem dúvida, ―no mundo passais por aflições‖. Vocês sentirão essas ―aflições‖ imediatamente, quando em pouco tempo as autoridades eclesiásticas e seculares agirem e aprisionarem o Mestre de vocês. E até mesmo depois do alegre reencontro na Páscoa e apesar da ―alegria que ninguém poderá tirar‖ (v. 22) a vida de vocês estará repleta de muitas tribulações. Não são vocês mesmos que precisam dar conta disso. Quando virem lado a lado o pequeno e fraco grupinho de vocês e o grande e poderoso ―mundo‖, como vocês poderão acreditar que seriam capazes de dominar esse mundo? ―Mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.‖ Esse ―vencer‖ o mundo obviamente tem um aspecto completamente diferente do que nós imaginamos e desejamos. Não é um triunfo visível, exterior, no qual o ―mundo‖ é forçado por Jesus a ficar de joelhos. Não, é precisamente na morte indefesa, voluntária no madeiro maldito que acontece essa ―vitória‖ sobre o mundo. Nele o mundo foi ―vencido‖ no mais íntimo, em sua essência. Essa vitória de seu Senhor igualmente aponta o caminho para os discípulos. Também eles jamais terão a vitória com força e superioridade exterior, mas sempre viverão apenas como os que morreram e vencerão o mundo como os indefesos, os fracos e sofredores. Esse vencer acontece ―em Cristo‖, com base no fato de sua vitória realizada. No fim dos tempos, porém, a vitória de Jesus se tornará visível com glória, quando ―todo joelho se dobrar diante dele e toda língua confessar que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai‖ (Fp 2.9-11).

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