Lição 11 – O Evangelho do Reino no Império do Mal - 6


8. A Terceira Visão: O Cordeiro e seus Seguidores (14:1-5)
Olhei, e eis o Cordeiro em pé sobre o monte sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil tendo nas frontes escrito o seu nome e o nome do seu Pai. 2Ouvi uma voz do céu como voz de muitas águas, como voz de grande trovão; também a voz que ouvi era como de harpistas quando tangem as suas harpas. 3Entoavam novo cântico diante do trono, diante dos quatro seres viventes, e dos anciãos. E ninguém pô­de aprender o cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que fo­ram comprados da terra. 4São estes os que não se macularam com mulheres, porque são castos. São eles os seguidores do Cordeiro por onde quer que vá. São os que foram redimidos dentre os homens, primícias para Deus e para o Cordeiro; 5e não se achou mentira na sua boca; não têm mácula.

O cenário da terceira visão leva-nos de volta ao Salmo 2. O "enfurecimento" dos gentios, e sua vã tentativa de derrubar a soberania divi­na foi amplamente demonstrada; agora é tempo de nos lembrarmos que "eu, porém, constituí o meu rei sobre o meu santo monte sião". É aqui, no Monte sião, que ele está e o seu povo encontra-se ao seu redor.18 Os cento e quarenta e quatro mil são a igreja de Cristo, todos são o povo de Deus.19 No contexto da visão geral que estamos tendo do Apocalipse, não há nada, nesta passagem, que possa levar-nos a qualquer outra conclusão. Eles são chamados pelos nomes de Deus e de Jesus Cristo; eles são os remidos, e sabem a canção dos remidos; castidade, verdade e pureza caracterizam-nos como santos do Altís­simo. São os seguidores, ou discípulos de Cristo, e os primeiros fru­tos da sua colheita. Os que seguem o Cordeiro formam a civitas Dei, a cidade (ou o estado de Deus, em oposição àqueles que adoram a bes­ta que procede do mar, que formam o estado pervertido de Satanás. Também nestes versículos nada existe que indique que os 144.000 representam somente a igreja triunfante, e que estejamos olhando para o mundo daqueles que já partiram, ou para o futuro. As duas primeiras visões descrevem este mundo e o tempo presente, e a não ser que te­nhamos razões para supor o contrário, devemos aceitar que a tercei­ra visão faz o mesmo. Está de acordo com as Escrituras falar da igre­ja toda, dos mortos e dos vivos, que estão com Deus no Monte sião, que apesar de não ser uma localização terrestre, é uma realidade es­piritual (Hb 12:22; Ef 2:6; Jo 4:20-24).
A castidade dos 144.000 tem causado discussões desnecessárias. Como tudo mais, no Apocalipse, é simbólica, especialmente se levar­mos em conta que a Bíblia não atribui nenhum valor específico ao celibato e, constantemente, recomenda a instituição do casamento. 20 Em um paradoxo similar, Cristo endossa o que a lei diz acerca do cui­dado que uma pessoa deve ter para com seus pais, mas ele também diz que nós devemos odiá-los se queremos segui-lo.21 Porém nós sa­bemos o que ele quer dizer. O amor aos pais deve ser de tal forma ul­trapassado pelo amor por ele que, comparando-se os dois, o primei­ro parecerá ódio. Da mesma forma, Jesus defende a idéia de que é parte essencial do matrimônio a consagração total dos cônjuges, um ao ou­tro (Mt 19:3,6);então ele diz aqui, no versículo 4, que seguir o Cor­deiro significa uma consagração tão completa no plano espiritual que, comparada com quaisquer outras vinculações, estas últimas seriam como que inexistentes.
9. A Quarta Visão: Os Anjos da Graça, da Destruição e da Adver­tência (14:6-13)
Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua e povo, 7dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-lhe gló­ria, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas. 8Seguiu-se outro anjo, o se­gundo, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição. 9Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora a besta e a sua imagem, e recebe a sua marca na fronte, ou sobre a mão, 10também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. 11A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem, e quem quer que receba a marca do seu nome. 12Aqui está a perseve­rança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. 13Então ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham.
A visão de abertura mostrou a parte do mundo controlada por Sata­nás; o sistema social surgiu na primeira visão e o aspecto religioso na segunda. A terceira, o reverso da primeira, mostrou os membros da sociedade divina, para que esperássemos que a quarta (correspondente à segunda) mostrasse a mensagem dessa mesma sociedade. E isto é exa­tamente o que encontramos. A palavra "anjo" significa mensageiro, e ele traz uma tríplice mensagem.
O primeiro anjo fala sobre a graça. Ele tem um evangelho para proclamar: boas novas de como relacionar-se de modo correto com Deus. É o evangelho básico, mais básico até do que aquele que foi pre­gado por Paulo aos pagãos que se encontravam em Listra ou em Atenas22; é o evangelho que foi pregado a Adão no Éden, antes que a relação entre ele e Deus fosse arruinada; é o evangelho hipotético com o qual Cristo desafiou o intérprete da lei em Lucas 10:28, quan­do disse: "Faze isto, e viverás". A primeira parte da mensagem é: "Re­conhecei Deus como Criador e Juiz, como o Princípio e o Fim da vossa existência e tudo vos irá bem".
Mas nem tudo vai bem, e o segundo anjo vai dizer por que. A Ba­bilônia a que o anjo se refere tem toda uma cena dedicada a si mes­ma mais adiante, e por isso vamos discuti-la de modo mais completo no futuro. Por hora é suficiente dizer que a Babilônia nada mais é do que outra figura da besta que emerge do mar, o sistema mundial que está em constante rebelião contra Deus. A mensagem deste anjo é que o espírito da Babilônia contaminou todas as nações e, como resulta­do, os homens tornaram-se incapazes de responder ao evangelho pre­gado pelo primeiro anjo; mas apesar de todo o poder que ela tem, ain­da assim ela está condenada à completa destruição.
O terceiro anjo traz, portanto, um desafio pessoal. Todo aquele que se identificar com o sistema caracterizado pela besta, Babilônia, parti­lhará do seu destino e ainda terá que beber "do vinho da cólera de Deus" (vs. 9 a 11); todo o que se identificar com Cristo também compartilhará o futuro do Senhor, experimentando a vida eterna (vs. 12 a 13).
Este é o contra-ataque de Deus a todas as mentiras da besta que emerge da terra, uma mensagem acerca do "pecado, da justiça, e do juízo" (Jo 16:8). É mais razoável supor, neste contexto, que a quarta visão, como as outras três, descreve o que está acontecendo através da história do cristianismo; as duas frases, que parecem indicar alguma data futura, podem ser perfeitamente entendidas como verdades do tempo presente.23
Durante todo o período daqueles "três anos e meio" estes qua­tro poderes estarão em permanente conflito. No livro Who Moved the Stone? (Quem Moveu a Pedra?) de Frank Morison, há um capítulo intitulado "Um Paralelograma Psicológico de Forças". E o padrão que encontramos aqui no Apocalipse reflete bem isso. De um lado, o es­tado, ou melhor, o sistema — a raça humana organizada social e po­liticamente como o dragão a deseja, com as estruturas de poder dis­postas de tal forma que os propósitos do dragão sejam sempre alcan­çados. Depois encontramos, do mesmo lado, as ideologias que exis­tem para justificar o sistema e dar-lhe um aspecto quase religioso, e características místicas. Na posição contrária às nações (o mundo que jaz sobre o poder do dragão), encontramos a nação santa, uma na­ção distinta (1 Pe 2:9): a igreja, a sociedade que foi redimida por Deus. No último canto, em oposição às ideologias que formam a força do mundo controlado pelo dragão, encontramos o evangelho da verda­de que dá forças à igreja de Deus. Todos os eventos da História po­dem ser considerados parte do conflito que existe entre essas quatro forças, duas de um lado, e duas do outro; a oposição é real em termos da mensagem e em termos das diferenças que existem entre as socie­dades das quais os grupos emanam e nos quais se manifestam.
10. A Quinta Visão: A Última Ceifa (14:14-20)
Olhei, e eis uma nuvem branca, e sentado sobre a nuvem um seme­lhante a filho de homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro, e na mão uma foice afiada. 15Outro anjo saiu do santuário, gritando em grande voz para aquele que se achava sentado sobre a nuvem: Toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar, visto que a seara da terra já secou. 16E aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua foice sobre a terra e a terra foi ceifada. 17Então saiu do santuá­rio, que se encontra no céu, outro anjo, tendo ele mesmo também uma foice afiada. 18Saiu ainda do altar outro anjo, aquele que tem a au­toridade sobre o fogo, e falou em grande voz ao que tem a foice afia­da, dizendo: Toma a tua foice afiada, e ajunta os cachos da videira da terra, porquanto as suas uvas estão amadurecidas. 19Então o anjo passou a sua foice na terra e vindimou a videira da terra, e lançou-a no grande lagar da cólera de Deus. 10E o lagar foi pisado fora da ci­dade, e correu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, numa ex­tensão de mil e seiscentos estádios.
"A ceifa é a consumação dos séculos" quando os anjos serão en­viados para colher tanto os perversos como os justos (Mt 13:30,39). Em contraste com a primeira visão, onde as quatro bestas de Daniel 7 foram fundidas em uma, a quinta visão distribui a ceifa entre qua­tro personagens distintos: dois para executarem a ceifa e dois para di­zerem quando ceifar. A vindima, que se destina ao lagar da cólera de Deus, e produz grande corrente de sangue, é a ceifa dos perversos; a terra será banhada de sangue, de uma até a outra extremidade (talvez a distância de 1600 estádios refira-se ao comprimento da terra de Canaã, aos 360 Km que vão de Dã a Berseba), mas a cidade de Jerusa­lém será poupada, pois dentro dela não há lugar para tal tipo de imundície (Hb 13:11,12). De acordo com os textos paralelos encontrados nos evangelhos, a outra ceifa, presumivelmente de trigo, é a ceifa dos justos; embora no Antigo Testamento a ceifa seja geralmente um sím­bolo de julgamento trazido somente sobre os perversos, Cristo falou do ajustamento tanto das sementes boas como das ervas daninhas, e da pesca de peixes bons e ruins (Mt 13:24ss; 47ss).Cada um dos ceifeiros, mesmo aquele "semelhante ao filho do homem" (que aceita­mos ser o Senhor Jesus Cristo, apesar de muitos comentaristas dis­cordarem), tem que aguardar a palavra de autoridade vinda de Deus para começar o trabalho, pois "a respeito daquele dia ou da hora nin­guém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai" (Mc 13:32).
Da mesma forma que em Daniel 7, "um semelhante ao filho do ho­mem" veio nas nuvens do céu para pôr fim ao domínio das bestas; aqui o seu aparecimento é o fato decisivo neste conflito cósmico. Durante to­da a duração dos três anos e meio a tensão continuará a existir entre as duas sociedades, entre os seguidores da besta e os seguidores do Cordeiro, e entre as respectivas ideologias. A questão terminará somente com a ceifa final, quando em uma das mãos (para usar uma figura do Antigo Tes­tamento) a iniqüidade dos amorreus estará completa e, por outro lado, todo Israel estará pronto para ser salvo (Gn 15:16; Rm 11:26).

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